Adauri Antunes Barbosa
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Flávio Freire
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SÃO PAULO. Uma briga de família envolvendo a guarda de uma criança foi o que motivou uma pessoa a deixar uma bomba no fórum de Rio Claro, interior de São Paulo. O alvo do artefato, que feriu duas pessoas, seria a juíza Cynthia Andraus Carreta, que, por determinação do Tribunal de Justiça, passou a andar com escoltas e de carro blindado.
O presidente do TJ-SP, Ivan Sartori, revelou ontem mais detalhes do crime, que vem sendo tratado com sigilo absoluto pela polícia. Sartori disse que a polícia já tem ideia de quem mandou o explosivo para a juíza, mas não poderia dizer nomes para não prejudicar as investigações.
— Apuramos que era um problema de guarda familiar de um menor, de um menino. Foi uma vingança, uma pessoa que tentou aterrorizar a juíza. O Judiciário não vai deixar que isso aconteça. Tomamos todas as providências necessárias para garantir a segurança dela — disse o desembargador.
Desembargador admite problemas de segurança
Para ele, o explosivo contra a juíza e as ameaças mostram que o exercício da função oferece muito perigo.
— Isso só mostra que a função de juiz oferece perigo, tem um desgaste muito grande, inclusive psicológico, porque trata com elementos de uma população que não tem educação para lidar com as pessoas e nem com um juiz.
Ontem, em Rio Claro, o delegado seccional Roberto Daher, que conduz as investigações, não quis dar muitos detalhes sobre o caso. De acordo com ele, a juíza já havia recebido ameaças indiretas.
— Ela recebeu algumas ameaças, não pessoalmente, mas por meio de e-mails e de blogs dirigidos a advogados que representam adversários das pessoas que estão sendo investigadas —- disse.
Como o fórum de Rio Claro não tem câmeras de monitoramento, a polícia vai analisar imagens de prédios próximos. Pelo menos sete pessoas prestaram depoimento ontem à polícia, entre eles o agente de fiscalização Menotti Ragazzi, que abriu o pacote endereçado à juíza. Nele havia um Papai Noel, no qual o agente colocou uma pilha. Assim que o brinquedo foi acionado, o artefato explodiu. Menotti teve ferimentos graves na mão esquerda.
Segundo Sartori, o Judiciário de São Paulo está sucateado e precisa de um sistema de segurança para seus 700 prédios no estado, incluindo o monitoramento com câmeras nos fóruns e a contratação de guardas armados, projeto que custaria R$ 210 milhões por ano, conforme informou ontem o presidente do Tribunal de Justiça. Segundo ele, todos os prédios da Justiça paulista têm problemas de segurança.
— O Judiciário está sucateado. Há hoje uma demanda avassaladora e não conseguimos acompanhar como deveríamos — afirmou Ivan Sartori.
Fonte: Folha de São Paulo
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